domingo, 26 de dezembro de 2010

Outra Realidade

Quero aproveitar estes dias de fronteira entre 2010 e o novo Ano de 2011 para compartilhar com você estas elocubrações excelentes do Quiroga...para iluminar nosso caminho nesta nova trilha...
Lúcia M.

“Muitos são os que estão cegos. E os que enxergam,

geralmente ficam cegos pelo que vêem”


OUTRA REALIDADE

Ninguém melhor do que nós, humanos, para compreender que o mundo invisível aos sentidos físicos é real. Como poderíamos negá-lo se tudo que inventamos e realizamos tiramos desse mundo invisível? Da vida continua sendo infinitamente muito mais o que desconhecemos do que aquilo que pensamos saber dela, mas este fato agride apenas à soberba humana, pois na prática representa todas as glórias e conquistas que temos pela frente. Se o mundo que rege a atualidade é pautado nessa soberba estúpida, pois chegou a hora de reinventá-lo, não apenas em benefício próprio, mas principalmente em nome das futuras gerações, que hoje em dia nascem com a percepção afiada para um tipo de realidade que não é a que nos acostumamos a chamar de realidade.

Quiroga

http://arautodofuturo.wordpress.com/2010/12/19/outra-realidade/

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal 2010

Embora a comemoração do nascimento de Jesus ocorra em Dezembro, sabemos que esta é apenas uma distorção da Santa Igreja para sua conveniência, um simbolismo que marcou a História da Humanidade e se transformou em tradição ao longo dos séculos. Jesus foi um dos profetas (enviado de Deus) que viveu entre nós, para apresentar novos fundamentos para os relacionamentos humanos – uma nova visão, diferente das Leis Mosaicas, “do olho por olho, dente por dente”... Jesus não esteve aqui para fundar uma religião ou uma Igreja. Sua missão era apenas trazer nova luz para o universo dos relacionamentos. Como ele, muitos outros aqui estiveram, cada um utilizando uma linguagem acessível a seu tempo. Poderíamos talvez resumir todos os Mandamentos a que se refere o Cristianismo em apenas uma frase : “amar ao próximo como a si mesmo”. Quando conseguirmos atingir um estágio em que nos amamos plenamente, a todo momento, que nos perdoamos, que compreendemos nossa própria trajetória, que nos enxergamos como pessoas dignas e valiosas, começaremos a prestar mais atenção ao outro ali ao lado, ao outro ali distante, ao outro...tão digno de compreensão, do perdão e de amor quanto nós... Temos recebido doses diárias de elevado magnetismo vindo do sol, para nos auxiliar especialmente nesta mudança de percepção, nos impulsionando a sair da visão até então centrada apenas em nosso umbigo, para enxergar de dentro para fora, percebendo o todo, para que todos os nossos dias à frente possam representar mais uma boa oportunidade de fazermos as pazes conosco mesmos, com nossas escolhas, com nossas metas, com nossa realidade – sem disfarces. O planeta Terra clama por isto! A Humanidade anseia por esta mudança! O século XXI vem trazendo a perspectiva desta conquista! A Era de Aquário já é uma realidade e sua marca registrada é justamente esta grande mudança! Parece que finalmente nosso profeta começa a ser compreendido sem a imposição de qualquer religião, mas, por uma busca natural de toda a Humanidade... Portanto, temos muito a comemorar neste Natal. Um feliz Natal para você e para todos nós!

Lúcia M.

Nossas heranças

Espiando por uma pequena fresta do lado do avesso da história e da cultura que herdamos encontrei o que aqui vai e que quero compartilhar com você. Como era costume naquela época e com a total cumplicidade da Santa Igreja Católica Romana, chegando em continente americano desconhecido, portugueses e espanhóis, “em nome de Deus”, trataram logo de escravizar os seres humanos que encontraram pelo caminho. Os nativos indígenas não eram poucos e até aquele momento haviam sido naturalmente os “donos da terra”, sem a menor consciência do que isto poderia representar. Não vou aqui entrar em detalhes a respeito da dizimação que ocorreu e que continua ocorrendo até hoje dessa gente e de sua cultura, que persistentemente tem sido preservada graças ao empenho desses e aos valores sociais destes grupos. Por sorte nossa, muitos portugueses que por aqui passaram, se renderam à beleza e à sensualidade natural das mulheres indígenas, de pele jambo e seios á mostra, iniciando assim a nossa herança genética e cultural miscigenada ao longo dos séculos. Os costumes indígenas contribuiram muito para esta miscigenação maciça, especialmente pelo fato dos indígenas viverem sem roupa e sem malícia alguma com seus corpos sem pelo, vigorosos, queimados de sol, de se banharem nos rios e cachoeiras a toda hora que lhes desse vontade, ao contrário dos costumes dos europeus, cheios de roupas e babados ensebados e mal cheirosos. As mulheres portuguesas jamais ousavam ficar sem roupa nem mesmo na hora do banho e seus corpos eram brancos como leite, sendo que as pernas, as axilas e as virilhas eram eternamente cobertas com um negro e espesso pelo. Os “conquistadores” - cristãos - “em nome de Deus” e da “Santa Igreja de Roma” logo impuseram seus cultos de um deus único e característico da crença católica, desconsiderando o culto dos nativos às divindades naturais como o Sol, a Terra, as águas, as plantas, aos bichos... Realizavam enfadonhas missas campais ao som de orações e ladainhas em Latim, que nada representavam para aqueles nativos, obrigados a abandonar de uma hora para outra sua cultura baseada nas coisas que a Natureza lhes oferecia para sua sobrevivência e prazer. Depois chegaram os africanos, que por muitos meses haviam viajado amontoados nos porões das caravelas, seqüestrados “em nome de Deus” para realizar o trabalho pesado, já que os índios se recusavam a fazê-lo, entrando em batalha com os portugueses. Os cantos africanos acompanhados do ritmar de tambores haviam sido substituídos pelas ladainhas religiosas do cristianismo católico, que não representavam nada para os índios e menos ainda para os africanos, povo sofrido, forte, afetuoso, unido e alegre. Os africanos e os índios, entretanto, por uma questão de sobrevivência, foram adaptando as características da sua cultura à cultura religiosa que lhes fora imposta. Assim, deram origem a um sincretismo religioso fantástico, hoje representado através uma linha religiosa genuinamente brasileira, uma mistura de representações das figuras místicas católicas com a cultura de raiz dos indígenas nativos e dos africanos. Fomos sendo criados aprendendo desde cedo, na escola, a admirar a coragem dos destemidos portugueses e bandeirantes, que pelos sertões do Brasil se enfiaram, desbravando terras jamais visitadas... E como a História é sempre escrita pelos vencedores e nunca pelos derrotados, nós ficamos sem a informação real do que se passou em nosso território. Aliado ao preconceito estimulado desde sempre em nossa cultura de brancos sobre a inferioridade dos índios e negros vindos da África e o desprezo por seus costumes chamados de primitivos em contraste com os costumes dos cristãos portugueses, fomos sendo induzidos desde cedo a identificar como sendo o homem branco um ser superior, desenvolvido, culto e civilizado. Assim, o cristão e “homem branco civilizado” - em nome de Deus - foi destruindo vidas e mais vidas e escravizando e maltratando outras milhões de vidas em busca de riquezas que eram enviadas à Coroa portuguesa e à Igreja Católica para alimento de seus deleites materialistas, suas extravagâncias, suas orgias e festas palacianas memoráveis... Os desbravadores de nossas terras, como representantes da Coroa Portuguesa e da Santa Igreja Católica, seguiam à risca a recomendação real de esgotar tudo o que fosse possível que brotasse do nosso solo e de todos aqueles que caminhassem sobre o mesmo. Já fluia uma postura imperialista, hoje em dia conhecida como “capitalismo” e modernamente chamada de “globalização”. Felizmente, graças à herança deixada pelos nativos e africanos, trazemos nas entranhas do nosso ser traços desta cultura que nos ligam fortemente ao espiritual, às plantas e com os medicamentos que vem das matas, com a música alegre e ritmada sincopada ao ritmo de tambores... Felizmente, hoje voltando os olhos com atenção e sem preconceito, só temos a agradecer aos índios e aos africanos que resistiram, mantendo vivos seus costumes e culturas. A força e a veracidade dos valores destes povos, que formaram nosso DNA foram tão intensas, que mesmo após 5 séculos sob forte influência das culturas de povos ditos “civilizados e desenvolvidos”, ainda pulsam em nossas veias estas fortes influências. O sociólogo Darcy Ribeiro, brasileiro apaixonado pela nossa cultura, afirmava que nossa maior benção era o sincretismo resultante destas influências todas, nos legando um sensibilidade musical incrível, um senso de humor tropicalmente elevado, uma garra para conquistas materiais, uma emotividade exacerbada em determinados momentos, entremeados com uma certa ingenuidade primitiva... Nosso conceito de relacionamentos familiares vem desta herança. Relações familiares como centro de desenvolvimento amoroso, afetivo e de entrelaçamento grupal - movido por um forte sentimento de lealdade, de cumplicidade e de cooperação mútua. Na cultura da sociedade européia, dita “civilizada”, incluindo a sociedade lusitana, não existia o hábito da espontaneidade na manifestação do afeto, do amor e o estreitamento dos laços familiares se restringia apenas à preservação e expansão do patrimônio material. O relacionamento entre o pais e filhos era frio, distante, completamente desatento em relação a qualquer comportamento amoroso. Os filhos eram muito mais ligados afetivamente ás “amas” (que era quem verdadeiramente os criava) do que ao pai ou à mãe. O ensino das letras, das ciências e dos cálculos era ministrado por um tutor - para aqueles mais abastados de famílias ditas “nobres” - os demais não tinham acesso a estes requintes burgueses. A escritora Elizabeth Bradinter, em seu um livro: “Mito do amor materno”, a partir de profunda investigação a respeito dos costumes familiares e especialmente a atuação da mãe no desenvolvimento dos filhos, nos mostra muito claramente este distanciamento afetivo nos relacionamentos familiares. Se você se interessar pelo tema, vai gostar de ler este livro, muito bem escrito. Enfim, olhando através de uma lente que alcança lá longe podermos constatar revelações inusitadas e sempre muito curiosas que sempre funcionam como um estímulo à tomada de consciência e mudanças de comportamento rumo ao crescimento seja da nação, seja individual. Apreciando cada uma das linhas da nossa ancestralidade podemos reconhecer os nomes de todos aqueles que nos legaram sua história, sua cultura e seus valores espirituais, aqueles que nos antecederam e a quem seremos eternamente gratos.

Lucia M.