quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A conquista do espaço

São muitas as vezes em que nos sentimos invadidos e desrespeitados por alguém, que até aquele momento, acreditávamos ser muito amiga(o) e que de repente nos surpreende com atitudes egoístas, não levando em consideração nossos sentimentos e desejos.
Ficamos injuriados, magoados e confusos com a naturalidade com que a pessoa agiu, centrada apenas no seu próprio umbigo.
Após passado o efeito do mal estar provocado por aquele comportamento unilateral, devagarinho, um pouquinho por dia, vamos tentando entender o ocorrido, movidos pela necessidade de virar aquela página para podermos esvaziar da alma o sentimento que ficou, ligado àquela pessoa.
Percorremos então, através da memória, as cenas das inúmeras situações vividas em conjunto, numa tentativa de recompor o quebra-cabeças, para entender o que se passou.
E assim, dia após dia, vamos nos reanimando e abrindo o espaço dentro de nós para uma reconciliação ou para o término definitivo daquela relação.
Procuramos em conversa, escutar os motivos do outro(a), o que pode resultar em um reencontro sob novos parâmetros ou mesmo em uma tentativa em vão.
Com o tempo e no exercício contínuo de uma faxina interior, para que em nenhum canto escondido persistisse em existir alguma mágoa guardada, alguma dor reprimida, algum equivoco mal entendido, vamos decodificando tudo o que até então eram fios mal enredados, como uma nuvem escura estacionada, que nem fazia chover e nem se dissipava.
E vamos, pouco a pouco, percebendo que ninguém ocupa em nossa vida um espaço que não existe.
Vamos entendendo que nós mesmos é que criamos um abertura deliberada, um espaço liberado sem medidas, para que a invasão ocorresse.
Vamos libertando o outro de todos aqueles sentimentos negativos que lhe havíamos dirigido, compreendendo que as regras de uso e de trânsito deste espaço que somos nós, nós mesmos é que criamos e que cuidamos para que sejam respeitadas para evitar invasões repentinas e mal intencionadas.
Na maioria das vezes mais demorada do que desejávamos, esta liçãozinha é muitas vezes sofrida, mas nos traz um grande sossego de alma e a sensação de tomar em nossas mãos a responsabilidade pelos acontecimentos em nossa vida, nos trazendo uma liberdade que independe do cenário externo.
Vamos conseguindo então nos libertar da nuvem negra que pairava sem movimento sobre nós, que nos mantinha estacionados no mesmo lugar, para conseguirmos respirar a leveza do ar que flui solto, livre, abrindo mão do Passado e nos abrindo para o momento Presente sem dor, sem rancores e nos amando a cada dia um pouco mais.

Lúcia M.

Um comentário:

  1. Lúcia, o erro é natural do humano, todos em algum momento somos protagonistas da atitude dita egoista, uns mais, outros menos, de maneira propositada ou simplesmente ingênua. Há alguns em que este padrão é típico da personalidade, e é nossa a escolha da forma como vamos lidar com isso.Relevar, prevenir-se, proteger-se ou afastar o cálice. Beijo, Eliane Ratier

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