domingo, 26 de dezembro de 2010

Outra Realidade

Quero aproveitar estes dias de fronteira entre 2010 e o novo Ano de 2011 para compartilhar com você estas elocubrações excelentes do Quiroga...para iluminar nosso caminho nesta nova trilha...
Lúcia M.

“Muitos são os que estão cegos. E os que enxergam,

geralmente ficam cegos pelo que vêem”


OUTRA REALIDADE

Ninguém melhor do que nós, humanos, para compreender que o mundo invisível aos sentidos físicos é real. Como poderíamos negá-lo se tudo que inventamos e realizamos tiramos desse mundo invisível? Da vida continua sendo infinitamente muito mais o que desconhecemos do que aquilo que pensamos saber dela, mas este fato agride apenas à soberba humana, pois na prática representa todas as glórias e conquistas que temos pela frente. Se o mundo que rege a atualidade é pautado nessa soberba estúpida, pois chegou a hora de reinventá-lo, não apenas em benefício próprio, mas principalmente em nome das futuras gerações, que hoje em dia nascem com a percepção afiada para um tipo de realidade que não é a que nos acostumamos a chamar de realidade.

Quiroga

http://arautodofuturo.wordpress.com/2010/12/19/outra-realidade/

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal 2010

Embora a comemoração do nascimento de Jesus ocorra em Dezembro, sabemos que esta é apenas uma distorção da Santa Igreja para sua conveniência, um simbolismo que marcou a História da Humanidade e se transformou em tradição ao longo dos séculos. Jesus foi um dos profetas (enviado de Deus) que viveu entre nós, para apresentar novos fundamentos para os relacionamentos humanos – uma nova visão, diferente das Leis Mosaicas, “do olho por olho, dente por dente”... Jesus não esteve aqui para fundar uma religião ou uma Igreja. Sua missão era apenas trazer nova luz para o universo dos relacionamentos. Como ele, muitos outros aqui estiveram, cada um utilizando uma linguagem acessível a seu tempo. Poderíamos talvez resumir todos os Mandamentos a que se refere o Cristianismo em apenas uma frase : “amar ao próximo como a si mesmo”. Quando conseguirmos atingir um estágio em que nos amamos plenamente, a todo momento, que nos perdoamos, que compreendemos nossa própria trajetória, que nos enxergamos como pessoas dignas e valiosas, começaremos a prestar mais atenção ao outro ali ao lado, ao outro ali distante, ao outro...tão digno de compreensão, do perdão e de amor quanto nós... Temos recebido doses diárias de elevado magnetismo vindo do sol, para nos auxiliar especialmente nesta mudança de percepção, nos impulsionando a sair da visão até então centrada apenas em nosso umbigo, para enxergar de dentro para fora, percebendo o todo, para que todos os nossos dias à frente possam representar mais uma boa oportunidade de fazermos as pazes conosco mesmos, com nossas escolhas, com nossas metas, com nossa realidade – sem disfarces. O planeta Terra clama por isto! A Humanidade anseia por esta mudança! O século XXI vem trazendo a perspectiva desta conquista! A Era de Aquário já é uma realidade e sua marca registrada é justamente esta grande mudança! Parece que finalmente nosso profeta começa a ser compreendido sem a imposição de qualquer religião, mas, por uma busca natural de toda a Humanidade... Portanto, temos muito a comemorar neste Natal. Um feliz Natal para você e para todos nós!

Lúcia M.

Nossas heranças

Espiando por uma pequena fresta do lado do avesso da história e da cultura que herdamos encontrei o que aqui vai e que quero compartilhar com você. Como era costume naquela época e com a total cumplicidade da Santa Igreja Católica Romana, chegando em continente americano desconhecido, portugueses e espanhóis, “em nome de Deus”, trataram logo de escravizar os seres humanos que encontraram pelo caminho. Os nativos indígenas não eram poucos e até aquele momento haviam sido naturalmente os “donos da terra”, sem a menor consciência do que isto poderia representar. Não vou aqui entrar em detalhes a respeito da dizimação que ocorreu e que continua ocorrendo até hoje dessa gente e de sua cultura, que persistentemente tem sido preservada graças ao empenho desses e aos valores sociais destes grupos. Por sorte nossa, muitos portugueses que por aqui passaram, se renderam à beleza e à sensualidade natural das mulheres indígenas, de pele jambo e seios á mostra, iniciando assim a nossa herança genética e cultural miscigenada ao longo dos séculos. Os costumes indígenas contribuiram muito para esta miscigenação maciça, especialmente pelo fato dos indígenas viverem sem roupa e sem malícia alguma com seus corpos sem pelo, vigorosos, queimados de sol, de se banharem nos rios e cachoeiras a toda hora que lhes desse vontade, ao contrário dos costumes dos europeus, cheios de roupas e babados ensebados e mal cheirosos. As mulheres portuguesas jamais ousavam ficar sem roupa nem mesmo na hora do banho e seus corpos eram brancos como leite, sendo que as pernas, as axilas e as virilhas eram eternamente cobertas com um negro e espesso pelo. Os “conquistadores” - cristãos - “em nome de Deus” e da “Santa Igreja de Roma” logo impuseram seus cultos de um deus único e característico da crença católica, desconsiderando o culto dos nativos às divindades naturais como o Sol, a Terra, as águas, as plantas, aos bichos... Realizavam enfadonhas missas campais ao som de orações e ladainhas em Latim, que nada representavam para aqueles nativos, obrigados a abandonar de uma hora para outra sua cultura baseada nas coisas que a Natureza lhes oferecia para sua sobrevivência e prazer. Depois chegaram os africanos, que por muitos meses haviam viajado amontoados nos porões das caravelas, seqüestrados “em nome de Deus” para realizar o trabalho pesado, já que os índios se recusavam a fazê-lo, entrando em batalha com os portugueses. Os cantos africanos acompanhados do ritmar de tambores haviam sido substituídos pelas ladainhas religiosas do cristianismo católico, que não representavam nada para os índios e menos ainda para os africanos, povo sofrido, forte, afetuoso, unido e alegre. Os africanos e os índios, entretanto, por uma questão de sobrevivência, foram adaptando as características da sua cultura à cultura religiosa que lhes fora imposta. Assim, deram origem a um sincretismo religioso fantástico, hoje representado através uma linha religiosa genuinamente brasileira, uma mistura de representações das figuras místicas católicas com a cultura de raiz dos indígenas nativos e dos africanos. Fomos sendo criados aprendendo desde cedo, na escola, a admirar a coragem dos destemidos portugueses e bandeirantes, que pelos sertões do Brasil se enfiaram, desbravando terras jamais visitadas... E como a História é sempre escrita pelos vencedores e nunca pelos derrotados, nós ficamos sem a informação real do que se passou em nosso território. Aliado ao preconceito estimulado desde sempre em nossa cultura de brancos sobre a inferioridade dos índios e negros vindos da África e o desprezo por seus costumes chamados de primitivos em contraste com os costumes dos cristãos portugueses, fomos sendo induzidos desde cedo a identificar como sendo o homem branco um ser superior, desenvolvido, culto e civilizado. Assim, o cristão e “homem branco civilizado” - em nome de Deus - foi destruindo vidas e mais vidas e escravizando e maltratando outras milhões de vidas em busca de riquezas que eram enviadas à Coroa portuguesa e à Igreja Católica para alimento de seus deleites materialistas, suas extravagâncias, suas orgias e festas palacianas memoráveis... Os desbravadores de nossas terras, como representantes da Coroa Portuguesa e da Santa Igreja Católica, seguiam à risca a recomendação real de esgotar tudo o que fosse possível que brotasse do nosso solo e de todos aqueles que caminhassem sobre o mesmo. Já fluia uma postura imperialista, hoje em dia conhecida como “capitalismo” e modernamente chamada de “globalização”. Felizmente, graças à herança deixada pelos nativos e africanos, trazemos nas entranhas do nosso ser traços desta cultura que nos ligam fortemente ao espiritual, às plantas e com os medicamentos que vem das matas, com a música alegre e ritmada sincopada ao ritmo de tambores... Felizmente, hoje voltando os olhos com atenção e sem preconceito, só temos a agradecer aos índios e aos africanos que resistiram, mantendo vivos seus costumes e culturas. A força e a veracidade dos valores destes povos, que formaram nosso DNA foram tão intensas, que mesmo após 5 séculos sob forte influência das culturas de povos ditos “civilizados e desenvolvidos”, ainda pulsam em nossas veias estas fortes influências. O sociólogo Darcy Ribeiro, brasileiro apaixonado pela nossa cultura, afirmava que nossa maior benção era o sincretismo resultante destas influências todas, nos legando um sensibilidade musical incrível, um senso de humor tropicalmente elevado, uma garra para conquistas materiais, uma emotividade exacerbada em determinados momentos, entremeados com uma certa ingenuidade primitiva... Nosso conceito de relacionamentos familiares vem desta herança. Relações familiares como centro de desenvolvimento amoroso, afetivo e de entrelaçamento grupal - movido por um forte sentimento de lealdade, de cumplicidade e de cooperação mútua. Na cultura da sociedade européia, dita “civilizada”, incluindo a sociedade lusitana, não existia o hábito da espontaneidade na manifestação do afeto, do amor e o estreitamento dos laços familiares se restringia apenas à preservação e expansão do patrimônio material. O relacionamento entre o pais e filhos era frio, distante, completamente desatento em relação a qualquer comportamento amoroso. Os filhos eram muito mais ligados afetivamente ás “amas” (que era quem verdadeiramente os criava) do que ao pai ou à mãe. O ensino das letras, das ciências e dos cálculos era ministrado por um tutor - para aqueles mais abastados de famílias ditas “nobres” - os demais não tinham acesso a estes requintes burgueses. A escritora Elizabeth Bradinter, em seu um livro: “Mito do amor materno”, a partir de profunda investigação a respeito dos costumes familiares e especialmente a atuação da mãe no desenvolvimento dos filhos, nos mostra muito claramente este distanciamento afetivo nos relacionamentos familiares. Se você se interessar pelo tema, vai gostar de ler este livro, muito bem escrito. Enfim, olhando através de uma lente que alcança lá longe podermos constatar revelações inusitadas e sempre muito curiosas que sempre funcionam como um estímulo à tomada de consciência e mudanças de comportamento rumo ao crescimento seja da nação, seja individual. Apreciando cada uma das linhas da nossa ancestralidade podemos reconhecer os nomes de todos aqueles que nos legaram sua história, sua cultura e seus valores espirituais, aqueles que nos antecederam e a quem seremos eternamente gratos.

Lucia M.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma história de Amor

Aconteceu, vou te contar...
Foi ele chegando
discretamente, delicado,
para minha vida mudar.

Em tom firme foi dizendo:
“Abra as janelas,
deixa o Sol entrar,
avise a todo mundo
que cheguei para ficar! ...”

Tirando do bolso um papel
em letras grandes escrito
enquanto me dava um anel
leu, selando amor infinito

“Juntei todos os pedaços
das histórias que vivi
e de todas retirei
o melhor que aprendi.

Hoje dedico a você
minha idade, meu desejo
de conquistas e devaneios
nosso futuro antevejo

então quero misturá-los
aos seus quereres e anseios
a quatro mãos nova história
nós dois juntos escreveremos “.

Lúcia M.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Silencia

Silencia, meu Ego, silencia
põe de molho este orgulho,
enxuga o caldo da vaidade,
limpa-me das crenças que escondem a verdade.
Silencia, meu Ego, silencia.

Silencia, meu Ego, silencia.
Quero viver sem me enredar em você
sem perder-me no orgulho, sem pena.
Silencia, meu Ego, silencia

Silencia, meu Ego, silencia
cessa este som que vem de fora.
Quero apenas cantar
a minha própria melodia
e simplesmente escutar
a voz do meu próprio pulsar.

Silencia, meu Ego, silencia.
Vê se te acalma, vê se dorme.
Deixa meu ser se mostrar
sem ruídos, sem disfarces.
Silencia, meu Ego, silencia.

Lúcia M.

Quinta dimensão

Como habitantes do planeta Terra fazemos parte de um todo em que se inclui o Universo, o Cosmo, com todos os seus encantos, todos os seus planetas, todas suas galáxias, todas suas estrelas e cometas, com todo seu movimento harmônico e toda sua melodia.
Somos diariamente vulneráveis à influência do Sol, que emite descargas de energia eletromagnética, de raios gama e de raios ultravioleta, nos auxiliando e nos motivando, com estas descargas, a perceber o tempo todo diferentes facetas da vida e de nós mesmos e a conquistar novas maneiras de manifestar nossas necessidades, nossos desejos, nossos dons, nossas emoções e novas capacidades.
A influência da Lua é imperativa no movimento das marés e como nosso organismo é formado de 80% de água, assim como o mar, também somos fortemente influenciados pela Lua no quesito intensidade dos sentires, humores, entre outras influências.
Quando ainda não existiam os recursos de imagens que retratam o desenvolvimento do bebê no útero materno, era através das fases da Lua que era previsto o momento do nascimento, num total de 9 vezes a mesma fase lunar.
A Terra está passando por um processo de mudança da terceira para a quinta dimensão, acompanhando o mesmo movimento do Universo como um todo.
Esta passagem tem se caracterizado por um despertar geral para assuntos relacionados a realidades além do que nossa visão de terceira dimensão nos apresenta e para uma busca por um maior desenvolvimento espiritual.
Um fator geomagnético, a mudança de posição do eixo magnético da Terra, tem contribuído fortemente sobre este processo de desvendar a própria consciência em busca de um aprimoramento enquanto ser humano.
Nosso DNA tem sofrido mudanças, nos preparando para uma outra fase de vivência humana.
Nossos bebês já apresentam o novo DNA, prontinhos para viver em outra dimensão, em outra fase evolutiva, as chamadas “crianças cristal”.
Lembra-se de quantos casos de “crianças-fenômeno” ao redor do mundo temos testemunhado através da mídia?
Crenças até então intocáveis tem caído por terra, instituições até então consideradas sérias e confiáveis tem deixado à mostra uma faceta negra e desafiadora gerando uma atitude de desconforto, de descrença e de insegurança.
Esta é uma fase histórica em que tudo passa a existir com cores muito fortes e definidas, acentuando os contrastes entre o que é real e o que é ilusão.
A própria História da Humanidade tem nos “empurrado” para a realização do salto evolutivo sob o aspecto físico, emocional, mental e espiritual.
Hoje, ainda imersos na terceira dimensão e envoltos sob véu de crenças limitantes que confundem nossa visão e que nos levam a nos sentirmos pressionados entre a culpa e a humilhação, gerando um mar de violência ao nosso redor e em nosso interior, que nos leva a um sentimento de insatisfação, podemos perceber claramente que esta fase da História está se esgotando por si mesma, nos levando a procurar respostas para nossas questões existenciais na Ciência, no espiritualismo e dentro de nós mesmos.
O que antes era chamado de “ocultismo” e que representava um assunto secreto restrito somente a alguns poucos eleitos, especialmente os membros da Igreja hoje, graças à ajuda da Internet, é acessível a todos que quiserem adentrar o universo espiritualista, científico e esotérico simplesmente a partir de um computador, sem precisar sair do conforto de sua intimidade diária .
As descobertas científicas e as inovações tecnológicas – realizadas pelo homem – trazem o progresso exatamente no momento em que este é bem vindo e necessário, da tal maneira, que sentimos como muito natural aquela descoberta e sua presença definitiva em nosso cotidiano. Tudo acontece dentro de uma sincronicidade maior que envolve todos os níveis da existência.
Dentro deste processo por que passa a Terra, logo mais passaremos a existir na quinta dimensão, sem necessariamente termos “morrido” ou termos nos desprendido do corpo físico.
Na quinta dimensão tudo aquilo que sentimos e que pensamos é completamente visível e transparente.
Nessa dimensão podemos manifestar toda nossa capacidade de criação e de ser luz, que hoje se encontram muito limitadas, imersos que estamos nos limites de percepção em terceira dimensão.
Na próxima etapa de nosso desenvolvimento como humanos, conquistaremos a confiança definitiva na capacidade de criação e de expansão que todos nós temos e que se encontram escondidas sob a sombria limitação imposta e que adotamos como “verdade” ao longo dos séculos.
Não mais “céu e inferno”, não mais “ofensas e ofendido”, não mais diferenças sociais, não mais rótulos separadores, não mais julgamento divino – apenas o que é – sem amarras, livremente.
Na nossa próxima jornada humana não mais haverá espaço para o sofrimento, não mais existirá sentimentos de culpa e de medo, seremos libertos para que possamos existir em nossa plenitude, sem enganações e chantagens do sistema ou de quem quer que seja, sem barganhas, para que possamos brilhar tanto quanto as estrelas que contemplamos no Cosmo..
Será uma época histórica em que a consciência de cada um será seu supremo juiz.
Neste tempo, muito próximo, limitação de qualquer espécie, segregação, separação, tudo isto será parte do Passado.
Como uma flor acompanhando todas as mudanças do Universo, um novo ser brotará da Terra, expandindo sua luminescência e criando sua nova história.

Lúcia M.

Notícias poéticas

Tenho uma cunhada que mora em Ribeirão Preto, que é dentista e poetisa.

Ela descreveu muito bem tudo aquilo que tenho sentido e percebido em relação à Natureza a esta época do ano, com as cidades enfeitadas com as árvores maravilhosas exibindo um festival de flores com suas cores, formatos e perfumes e quero aqui compartilhar com você, até porque gosto bastante do seu jeito de se expressar através da palavra.

Aqui vai, mas, se quiser conferir outras criações dela, é só vir visitá-la em seu BLOG: http://elianeratier.blogspot.com/

Notícias poéticas- outubro de 2010

Minha cidade é um jardim comunitário, um pomar público.
Há mangueiras pejadas de frutos que amadurecem róseos.
Invejo os que passam à pé, e desejo que os alcancem por mim, que tenho andado cotidianamente motorizada.
Pitangas, amoras e jabuticabas escondidas nos quintas, espalham seus frutos por sobre os muros, através das grades, nas calçadas, nas guias rebaixadas, como pistas, atiçando nosso desejo de as buscar.
Requintadas e misteriosas romãs ocultam suas sementes sensualmente meladas, por entre as folhagens de antigos jardins.
Numa rua são Manacás que perfumam sorrateiros o ar, noutra atordoantes Damas da Noite embriagam os passantes.
Flamboyans insinuam seus borrões de vermelho sangue, vida por entre o verde novo.
A escandalosa Sapucaia tinge com flores rosa o chão da praça, e os Jacarandás, discretos, providenciam um fino tapete lilás sob si.
Reinam absolutos os amarelos das Sibipirunas enlouquecendo os varredores das ruas, pintando de alegria o caminho do trabalho, lembrando que a vida continua, forte, linda e indomável apesar do nosso descaso e de nossa sede por poder e controle.
Penso naqueles que plantaram as sementes sem ver as flores nem os frutos, apenas cumprindo sua função de plantar, e em nós, que usufruímos deste presente sem deles nos lembrar.
Ofereço-lhes uma prece de gratidão.
Beleza é alimento tão essencial quanto o pão.
Aproveitem este outubro florido, saiam à passeio, alimentem-se de beleza.

Quebrando a tradição, deixo para vocês um trecho de poema antigo, do livro Estréia Poética, que foi inspirado nas Sibipirunas floridas da avenida 9 de julho, aqui de Ribeirão Preto, onde eventualmente faço minhas caminhadas sobre o lodo amarelo das flores pisadas.

Aniversário de casamento- trecho

Meu amor é tão grande
Que não cabe no peito
Desmonta os montes
Floresce no arvoredo
Escapa pelas frestas
Consome
E nada resta.


Eliane Ratier

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A raiva nossa de cada dia

Estive pensando a respeito da raiva, este sentimento tão real, tão humano e tão comum em nossas vidas e quero aqui compartilhar com você minhas elocubrações a respeito.
A raiva é uma reação natural que manifestamos quando alguém ou algum fato nos decepciona e nos pega de surpresa, nos irritando acima do suportável. Nosso emocional dispara na mesma freqüência de energia e aquele sentimento negativo em segundos se multiplica e se dissemina como uma chama de fogo ardente, que como num passe de mágica vai queimando tudo ao redor.
A gente berra, vocifera, agride, chuta, quebra, numa reação espontânea e completamente impensada.
E na seqüência, ai, que vexame!... A gente fica sem saber o que fazer sempre que o agredido, completamente contaminado com nossa fúria raivosa também tenha se inflamado acendendo ainda mais aquela chama ardente de descontrole emocional.
Se o agredido foi um objeto, tanto pior, nos resta catar os cacos do que destruímos e na pá de lixo deixar que nossas lágrimas lavem as partes quebradas a boiar...
Então, vive experiências daqui, vive ataques raivosos dali, escuta relatos de um e de outro e lá vamos nós tentar aparar as arestas e buscar uma maneira de se relacionar com o sentimento de decepção e de indignação sem se deixar envolver com uma descarga emocional negativa.
A manifestação completamente irracional de extravasar violentamente a raiva e todas as conseqüências advindas disto, a começar de um sentimento de decepção diante de nós mesmos e de vergonha diante do próximo (que testemunhou toda a cena sem entender nada e provavelmente apavorado), alimenta uma insatisfação pessoal tão grande em que nos sentimos diminuídos diante de nossos valores mais autênticos, motivando um circulo vicioso em que ou nos tornamos agressivos e passamos a ser identificados como tal ou nos recolhemos e emudecemos de vergonha reagindo agressivamente sempre que nos sentimos ameaçados.
Então, você que aqui está a ler o que vai pela minha cabeça e pela minha alma, quero lhe contar que a vida me ensinou a rota para modificar este tortuoso e torturante caminho nada estimulante que me levava a mergulhar na raiva como se fosse um cego náufrago num mar bravo e imprevisível.
Descobri tudo isto certa vez, quando criei umas pedrinhas nos rins de tanta raiva que senti. Pior do que dor de parto, foi quase um parto conseguir expulsar as pedras que havia criado irracionalmente.
Foi então, que me propus a buscar uma solução para o sentimento da raiva que de vez em quando aflorava com plena força de dentro de mim – algumas vezes reprimida e outras completamente exteriorizada. Afinal, não era mais possível conviver com tamanho estrago, que tantas conseqüências funestas trazia para minha vida.
E aprendi que o grande lance não é sublimar a raiva ou tentar controlá-la, mas, não se deixar envolver por ela, pois, sem envolvimento, não há o que ser sublimado ou reprimido.
Afinal, raiva contida pode se transformar em inúmeras manifestações físicas, podendo inclusive provocar a perda da voz, uma disfunção na glândula tiróide, problemas no fígado, aceleração do ritmo cardíaco, entre outras manifestações físicas.
Este é o grande segredo para que a energia fortemente negativa da raiva não mais faça parte de nossa vida, sendo substituída pela compaixão e pelo abandono do ego – nosso pior inimigo - que só serve para nos dificultar a vida.
Nas escrituras sagradas, Jesus não quis dizer que é para oferecermos o outro lado da face diante de um ato de agressão, mas, que diante de uma agressão, o melhor a fazer é mostrar ao agressor que há outras maneiras de respondermos a um desconforto, de que há outras formas de expressão mais inteligentes do que simplesmente reagirmos na mesma intensidade da energia negativa...
Isto é o que significa “dar a outra face”.

Lúcia M.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Derrubando crenças

A vida é dificil: Tem que matar um leão por dia
Esses dias fui ao Rio para ministrar workshop . Estava jantando com meu pai e uns amigos, ouvi uma amiga falar a seguinte frase:” Tem que matar um dragão todo dia, se você não matar, ele te mata”. Pouco tempo depois ouvi ela repetir de novo. Creio que ouvi mais duas vezes depois disso.
A filha dela também estava presente. Tem a minha idade. Imagine o quanto ela já deve ter ouvido essa frase da mãe... E assim crescemos ouvindo coisas do tipo: a vida é difícil, tem que matar um leão por dia, a vida é sofrimento, sem dor não há crescimento, tudo vem com sacrificio, sem esforço não se consegue nada.
Estes conceitos são internalizados e viram crenças. As crenças tem um estranho poder sobre nós. Elas nos fazem prestar atenção em tudo que as confirmam. Quando acreditamos em algo, nossa mente busca fatos, razoes, motivos, experiências (nossas e de outras pessoas que presenciamos) que comprovam exatamente a crença. Isso ocorre porque a mente encontra e presta atenção àquilo a que damos importância.
É a mesma coisa que ocorre quando estamos buscando um determinado tipo de curso (ou uma informação). De repente, passamos a ver anúncios nos jornais, revistas, e nas ruas os anúncios dos cursos que desejamos. Ouvimos também outras pessoas comentarem sobre o assunto. Não é que o assunto começou a pular sobre nós. É que a nossa mente, quando foca em algo, de forma seletiva começa a prestar a atenção naquilo, e toda vez que este algo estiver presente, vai nos chamar atenção, como estivesse pintado de rosa choque.
As conversas, os anúncios, nada mudou. Você é que passou a prestar atenção de forma seletiva. Propagandas e conversas que antes passavam completamente despercebidas, agora, milagrosamente chamam a sua atenção.
Existe uma parte do nosso cérebro chamada de formação reticular e que é responsável pela atenção seletiva. Quando achamos que algo é importante, essa parte do cérebro fica “ligada” e chama a nossa atenção toda vez que este algo importante passa pelos nossos olhos ou ouvidos.
Assim, parece que as coisas estão milagrosamente aparecendo na nossa frente. Mas na verdade, estamos apenas prestando atenção de forma seletiva. Também acredito que existem os fenômenos da sincronicidade, e que, quando focamos em algo, estas coisas tendem a cruzar ou aparecer no nosso caminho (lei da atração).
Mas por hora, vamos apenas falar da formação reticular, que é o nosso “radar”.
Desenvolvendo a crença de que a vida é difícil, você irá prestar atenção em tudo que confirma que a vida é difícil..
O seu radar vai apontar pra você: eventos que ocorrem na sua vida, fracassos, perdas, eventos que ocorrem com outras pessoas, noticias na televisão... cada vez que você vir algo assim, vai ter algo dentro de você dizendo “é claro, a vida é difícil, tá vendo que a vida é difícil? Eu sempre disse que a vida é difícil... tá pensando que é fácil? Eu sabia que tinha que ser dificil”.
Cria-se então uma tensão.
Antes mesmo de fazer qualquer coisa, inconscientemente, você já está sentindo e pensando que vai ser difícil. Pior ainda, de maneira também inconsciente, você vai produzir ações que vão dificultar sua vida, para comprovar a sua crença.
Quando houver um caminho mais fácil, a tendência é que sua mente o despreze e não lhe dê atenção (o seu radar não está treinado pra ver as coisas fáceis), pois você acredita que tudo tem que ser difícil. Se apareceu um caminho fácil, tem algo errado, não pode ser simples assim... tem que ser difícil....
E assim seguimos complicando a vida muito mais do que deveria ser. Dificuldades existem, mas boa parte delas somos nós que buscamos, criamos, fazemos acontecer.
Devemos estar preparados para as dificuldades. Mas devemos também estar preparados para as facilidades. Quando algo vier fácil, enxergue, aceite, acolha, usufrua.
A nossa crença deveria ser de que as coisas são boas, fáceis e abundantes. Este deveria ser o estado natural. Se não é assim, é devido a negatividade que existe dentro de nós e no mundo.
E se você começa a inverter a crença, e afirma constantemente que tudo vem fácil, seu cérebro vai começar a prestar atenção nas oportunidades mais fáceis. Sua vida ficará mais leve.

André Lima

sábado, 14 de agosto de 2010

Preciosidades do bau

Convido você a se deleitar com os achados geniais deste baú acessando este site abaixo:

http://www.youtube.com/watch#!v=x890ach1DP4&feature

Um abraço

Lúcia M.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Distração

Outro dia estava no supermercado aguardando minha vez de pagar no Caixa e fiquei observando todos os títulos de revistas e de doces e balinhas e chocolatinhos que haviam ao meu redor, na corredor onde me encontrava.
Fiquei surpresa ao perceber quantos estímulos são apresentados o tempo todo ao nosso redor, induzindo a consumirmos muito mais do que o necessário para termos conforto, saúde e felicidade.
Fiquei impressionada ao constatar que esta profusão de estímulos não só nos induzem a consumir muito mais do que o planejado, como também cumprem com a função de distrair nossa atenção.
Nos envolvemos neste clima de indução a criarmos mais necessidades do que o que já possuímos e somos levados a consumir sem perceber o caráter subliminar de desvio da nossa atenção.
Quando estamos comprando, ficamos envoltos em um clima de entusiasmo, de excitação e nem nos damos conta do tamanho do gasto ou da dívida que assumimos e assim, na maioria das vezes, nos distanciamos completamente das nossas propostas de manter a disciplina para seguir um roteiro que reflita realmente aquele planejamento econômico-financeiro previamente mentalizado por nós.
Descubra você também o quanto o sistema nos estimula a nos distrairmos. Basta prestarmos atenção à variedade de entretenimento ao nosso dispor, desde os mais corriqueiros, como programas de TV e joguinhos na Internet.
O objetivo maior é nos desviar de nosso foco, de nossas metas primordiais, de tudo aquilo que poderíamos chamar de “relevante” em termos pessoais.
Quanto mais me distraio, menos “penso na vida” e menos me sinto impulsionado a tomar atitudes, a avaliar fatos, preconceitos, crenças, complexos, culpas, etc...que ficam guardadinhos sob o simpático apelo da diversão.
Em épocas de guerra é quando mais se enriquece o comércio de entretenimento, justamente para que os soldados, principalmente, e a população em geral, passe muitas horas deixando a “sua criança-interior” entregue à leveza e enquanto dá uma trégua à alma sofrida e angustiada.
Não estou querendo dizer que se divertir é algo condenável, nem pense nisto!
Divertir-se é um sagrado dever de toda e qualquer pessoas, porque sem o riso, a leveza, o sonho, a criatividade e a alegria, a vida se torna muito pesada, enfadonha e carrancuda.
O que quero ressaltar aqui é a cilada que o sistema nos aplica para nos distrairmos de nós mesmos, enquanto utiliza suas estratégias muito bem alicerçadas para desviar nossa atenção de nossas capacidades de mudança, de alterar a realidade dentro de nós mesmos e ao nosso redor. Aliás, quem jamais se desvia de seus objetivos e metas é bem ele, o sistema...
Há um samba do Chico Buarque de Holanda chamado “Vai passar”, que com muito humor, com muita cadência e com muita poesia descreve exatamente tudo que aqui estou tentando compartilhar com você.
Preste atenção à letra desta música genial, que tão bem estampa o que aqui vai.
(http://www.youtube.com/watch?v=9A_JrsJF6mM&feature)

Lúcia M.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O amor e o Tempo

Lembra-se daquele tempo
em que acreditávamos que
estaríamos para sempre apaixonados?
O tempo passou, o amor murchou
como uma rosa sem água...

O tempo guardou e conservou
tantas emoções, tantos beijos molhados...
Noites de amor em clima de festa,
dias de tarefas compartilhadas.

Segredos e confissões declaradas
tudo isto o tempo levou
e em seu baú conservou.
E como o remédio mais acertado
apenas as imagens deixou,
levando as emoções com o vento.
E numa parceria silenciosa
vento e tempo nos libertaram
para viver um novo amor.

Lúcia M.

Matemática em nova fórmula

Quero aqui compartilhar com você o que tenho aprendido a respeito de uma diferente e inusitada fórmula matemática.
Derivada do ato de doar, nesta fórmula a subtração se transforma em soma e a divisão se transforma em multiplicação.
É uma das Leis da Vida: quanto mais se “guarda”, mais se aprisiona a energia, que reprimida, vai se movimentando e se manifestando por onde é possível no corpo físico, se transmutando em dores, em sofrimento, em solidão... Como uma bomba potente retida em um pequeno compartimento, “de repente” explode de tanta energia concentrada guardada, não utilizada proveitosamente, desperdiçada enfim.
O mesquinho, escravo de sua própria insegurança, se esquece de que pode ter o divino direito a tudo o que desejar na vida apenas por força de suas atitudes e pensamentos e por desconhecimento disto fecha suas mãos e apenas acumula - movido pelo medo da falta.
Acumula, acumula, acumula, não trazendo o movimento, que gera a vida, limitando suas próprias oportunidades de expansão.
Por mais gordos que possamos ser, nosso próprio umbigo ainda assim sempre será pequeno para conter todas as ricas possibilidades que a vida nos oferece e que aguarda pacientemente a oportunidade de nos proporcionar.
Como água parada - sem oxigênio - o produto deste acúmulo vai se transformando e vai se tornando rançoso, criando um ambiente fértil para o surgimento de todo tipo de impurezas, de larvas, travando de maneira contundente o escoamento das nossas energias ...
Somos ricos e nem nos damos conta do quanto!...
Temos milhões de virtudes e de qualidades, mas, por influência dos “usos e costumes”, insistimos em enxergar em nós somente aquilo que incomoda e a alimentar o medo da carência.
Não se iluda, a atitude de doar reflete desapego e atrai a abundância.
Quando a gente se coloca em disponibilidade para doar, seja o que for, seja a quem for, reflete-se no ar uma ação de humanismo e nos leva - por aquele instante, por aquelas horas ou por meses ou anos - a trazer para junto de nós um pouco do mais profundo daquele ser que recebe nossa doação.
Quando assim o fazemos - com o coração - ampliamos nossa sensibilidade em relação ao que existe fora do nosso universo pessoal e assim vamos conseguindo transpor as fronteiras entre nós próprios e o outro, despertando para similaridades acima do aparente, algo sagrado, subliminar, mas, real e poderoso, gerando a troca que enriquece.
O ato de doar - quando envolve o coração - é expansivo, é multiplicador e é o melhor remédio contra a solidão e contra a depressão, alem de ser uma manifestação da nossa faceta divina.
Uma conexão é criada entre doador e receptor, que vai se intensificando ao longo deste exercício, ligando-os por laços invisíveis e fortes. Estes laços se solidificam através de uma força magnética, formando uma “grade” ao redor de cada um dos envolvidos e num efeito de reflexo multiplicador vai envolvendo a Terra toda enquanto nosso planeta; algo ainda não mensurável pela Ciência.
Recomendo a você, com quem compartilho minhas trilhas e minhas elocubrações, que fique atento às mensagens que a Vida constantemente nos envia.
O vento, este corriqueiro e discreto sopro sagrado, com a ajuda dos passarinhos, numa manifestação divina de doação, esparrama as sementes, limpa a atmosfera, remexe a terra e agita os mares para que a vida se manifeste e se multiplique infinitas vezes ao nosso redor, trazendo novas energias através deste movimento natural.

Lúcia M.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Geometria Sagrada

Por falar em Geometria Sagrada, tenho sido presenteada com um universo infinito de descobertas, especulações e experiências em torno deste tema, cada qual mais interessante do que o outro.
Não vou discorrer sobre o assunto, porque não me sinto qualificada para isto, mas, posso compartilhar com você algumas coisas fascinantes que aqui vão,

Reserve um tempo no seu dia para “viajar” através destes links:

Natureza Fractal. Geometria Sagrada e Numeros

Manifestação física do som No Blog "En el Aire", procure por "29 enero 2010 - Chladni"

Sonda Cassini capta figuras geométricas em Saturno

A Mensagem da Água – Masaru Emoto

O mundo da Geometria Sagrada

Lúcia M.

Troca

Quando começamos a prestar atenção no mecanismo que move a vida e que nos traz a prosperidade e o desenvolvimento econômico, emocional, físico e psicológico, somos levados a dirigir nossa atenção para um detalhe aparentemente inexpressivo.
A vida se movimenta à base de troca : troca de palavras, troca de mercadorias, troca de gentilezas, troca de atenção, de afeto, de conhecimento, de desafetos, troca de habilidades, troca, troca, troca, um dá aqui e outro logo ali.
Até as borboletas, seres tão sutis, aparentemente criadas apenas para nosso deleite, para existirem e decorarem nossa paisagem alegrando nossa criança-interior, se abastecem das folhas que lhe dão suporte para seu desenvolvimento. São apenas três meses o tempo de sua existência, mas, ainda assim, transmutam aquilo que recolhem das folhas para nos presentear com sua delicadeza e cores, desviando-nos das questões pesadas do dia a dia e conduzindo nosso pensamento para outro patamar, muito mais sutil, efêmero e etérico. E a nossa “criança” se enche de vida e de poesia e agradece fascinada e feliz.
Enfim, dentro desta mecânica todos nós atuamos - na base da troca - mesmo quando não estamos conscientes disto.
É uma composição musical que acalma nossos sentidos, é uma dança que alegra nosso corpo e enleva nossa alma, é um filme que nos transporta para outras dimensões e outros mundos, é um livro que abre portas dentro de nossa imaginação, é uma ajuda material dedicada a uma pessoa num momento de necessidade, é a palavra no momento certo que muitas vezes funciona como resposta às dúvidas mais íntimas de uma pessoa lhe proporcionando aconchego de alma, é um abraço que acalenta...
Todas estas atitudes e até mesmo uma oração, um pensamento de amor, de apoio, de admiração, de “torcida” que se emane são poderosos porque trazem em si a nossa energia pessoal, como uma tatuagem que por mais que queiramos apagá-la permanecerá para sempre registrada.
É esta energia que move a vida, tudo o mais é só enfeite.
Esta energia tem um efeito multiplicador imediato, de uma eficiência assustadora e assim como vai, volta e na maioria das vezes, em maior intensidade e extensão.
A vida nos agradece por este cuidado. A Natureza também.

Lúcia M.

domingo, 6 de junho de 2010

Meu coração

Coração cansado, querendo parar, mas continua e a todo instante me lembra que um dia, o meu Criador o pôs a funcionar
Com serenas ou selvagens vibrações, ele vai registrando da alma as emoções.
Ora de dor, de saudade, de agonia, mas destas, tenho mais que de alegria.
Cada pôr do sol, cada estrela que no firmamento brilha, cada amanhecer; toda a Natureza é festa para o amor, é trilha.
Eia! Continua coração, força, fé na certeza que muito terás que pulsar.
Continua, vive, palpita, vibra para poder amar... amar...

Berê (Janeiro de 1992)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O passeio de trike

Trike, trike, trike,
Lá vai o “Seu” Waldemar
pelos ares passeando
como pássaro a voar.

No tal treco voador,
qual Ícaro perpetuou
meio-pássaro, meio-homem
pelos ares nos levou.

Qual crianças assustadas
num misto de medo e euforia
pacientemente “Seu” Waldemar
por todo o céu nos levaria.

Por dentro a criança sorria
enquanto o adulto estremecia
E num misto de encanto e arrepio
o passeio acontecia.

No ar a alegria e o triunfo
daqueles que se aventuravam
Em Terra torcida, acenos
dos que só apreciavam.

Vento lambendo o rosto
olhos atentos a olhar
a Terra que abaixo vibra
provando o prazer de voar.

Lúcia M.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Natureza

Terra úmida, cheiro bom,
plantação, flores, folhas, vento
som, passarinho marrom.
pássaro grande, vermelho e preto.

Aspira o perfume no ar
do mato verde, da flor.
Semente que o vento trouxe
e passarinho esparramou.

Perfume que atrai bichinhos
grilho, gafanhoto, minhoca
insetos diversos, borboletas,
sinfonia divina que nos toca.

Sente o vento que assobia,
que vem, passa e esquenta
sacodindo as folhas no ar,
mensagem de amor e paciência.

Passarinho maroto
dialoga com o vento
semente no bico
realiza seu intento.

Gnomos, fadas, duendes,
lá estão a descansar
protegendo a criação
a vida ajudando a enfeitar.

Lúcia M.

Barco tinhoso

Aquele barco tinhoso
velas de pano a chacoalhar
sua rota na água desenhando
tenta a terra alcançar.

Naquele mar de esmeralda
crespo e altivo, manso e liso
sob o vento se curvava
alcançando seu destino.

Velas, panos tremulando
compondo uma música no ar.
Vento forte desafiando
querendo o barco virar.

Marinheiro experiente
como quem sabe e entende
puxa daqui, afrouxa dali,
para o barco seguir em frente.

Mirando o distante porto
vence o vento, rompe as águas
navegando lentamente
enquanto observa a mata, as casas,
qual pinturas colorindo a mente.

Lúcia M.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Diferentes dimensões

Aqui na Terra, aonde habitamos com nossa percepção em terceira dimensão, não conseguimos perceber qualquer energia que esteja vibrando em outras dimensões - por condicionamento, por comodismo ou por acreditarmos que o mundo é constituído apenas do que é concreto, palpável e que portanto, conseguimos enxergar, ouvir e tocar naturalmente.
Como cegos, descartando qualquer possibilidade que se encontre fora de nosso alcance, vamos criando crenças, preconceitos e impondo limites a nossa própria expansão, sem nos darmos conta de que diferentes freqüências de energia se consolidam e se representam em diferentes dimensões.
No entanto, qualquer ser humano, qualquer animal, ave, peixe, flor, planta, consegue traduzir na energia emitida por algum ser ao seu lado, quando se trata de uma manifestação de medo, ou de raiva, ou de afeto e de amor.
Muitas pesquisas tem sido realizadas por cientistas das mais diversas áreas, especialmente da neurologia, para comprovar e medir a densidade de diferentes energias, inclusive de sensações, sentimentos e do pensamento humano.
A Física Quântica veio para provar cientificamente que nada neste mundo pode ser plenamente previsto e corrobora com o conceito de que as dimensões são variadas e que milhões de fenômenos acontecem em dimensões acima de nossa capacidade visual e táctil, sem por este motivo deixarem de ser verdadeiros, como por exemplo a energia eletromagnética.
Já bem conhecido de todos, o Dr. Masaro Emoto fotografou em microscópio as moléculas de água sob a interferência de diferentes sentimentos, sensações e pensamentos, gerando diferentes imagens como reação a cada diferente tipo de emanação de energia.
As mazelas das guerras têm levado os cientistas a inventar aparelhos cada vez mais sofisticados para vasculhar o universo do pensamento e dos sentimentos humanos, assim como os compartimentos da memória, sem conseguir ainda uma resposta definitivamente satisfatória.
Aliás, o sistema cria as guerras, sacrifica toda uma população de jovens fortes e saudáveis, entupindo o seu emocional com visões e com experiências traumatizantes e em seguida, em face à criação de uma geração de jovens completamente desajustados social e emocionalmente, criam laços comerciais fortes com os laboratórios médicos e destinam valores enormes para tentar “apagar” da memória daqueles todas as marcas profundamente negativas que, como tatuagens, ficaram registradas em seus corações e mentes para sempre, percebendo os sentimentos e pensamentos associados somente ao cérebro físico.
Mas, será que energias como a magnética e uma infinidade de outros tipos de emanações mais sutis, são mesmo marcas registradas apenas no nosso corpo físico ou habitam uma outra dimensão, que não alcançamos através do simples olhar ou de recursos tecnológicos de medição hoje existentes?
Energias sutis, como aquelas que emitimos a partir de um sentimento, de um pensamento ou de um desejo, são forças capazes de fazer brotar um forte vínculo de amor, de simpatia ou de rejeição em relação a outra(s) pessoa(s) ou situação, muitas vezes, apenas através de impressões causadas por um abraço, um suspiro, uma frase, uma imagem, um sentimento expresso, através da música etc...e mesmo sem podermos mensurar não há como negar sua existência e poder.
O homem explora o espaço, escava buracos na crosta da Terra, pesquisa a profundeza dos oceanos e agora escarafuncha o cérebro humano em busca de respostas a questões as mais diversas, mas, não conseguiu ainda entre outras coisas, mensurar a força que mais movimenta todos os seres, especialmente o ser humano, chamada Amor...

Lúcia M.

Dialogando com a Vida

A “Vida” está o tempo todo dialogando conosco e muitas vezes, a gente não consegue entender o que ela está querendo nos dizer, como se houvesse uma diferença de idioma entre nós e “ela”. Teimamos em continuar conduzindo nossa vida por uma direção que não é a mais adequada, mas, continuamos e vamos seguindo por aquele caminho, até que de repente, a ”Vida” nos manda um recadão, daqueles que não dá para fingirmos que não percebemos. E então, infelizmente, a primeira reação da gente é reclamar, maldizer a vida, maldizer a Deus, maldizer o destino, e por aí vai... E porque será que acontece assim com a grande maioria das pessoas? Porque não paramos para prestar atenção no que nosso “Eu” tem a nos “dizer”. Teimosamente, por comodismo, agimos como se não estivéssemos entendendo que aquela é a oportunidade que a Vida está nos proporcionando para iniciarmos a nossa mudança para enfim, expandir o nosso melhor. Muitas vezes, insistimos tanto em permanecer na mesma postura, naquela posição, como seres estáticos, que a Vida se vê forçada a apelar para uma situação mais drástica, para ver se consegue nos movimentar em direção ao novo. E, insistentemente, sem pararmos para prestar atenção ao que acontece, ficamos a nos lastimar e a praguejar contra a vida, nos colocando na posição de vítimas do destino, insistindo na postura estática, sem captar que vida é antes de mais nada, movimento, dinamismo. Damos importância a tantas coisas externas, depositamos nossa energia em coisas, em pessoas, em lugares, em projetos, que nem de longe nos dizem respeito e não percebemos que vamos nos distanciando de nosso “Eu”, que encolhidinho, fica lá jogadinho num canto, aguardando pelo momento de ser reconhecido na sua importância, de ser “escutado” e de ser valorizado como merece. A “Vida” não mede esforços para que cada um de nós caminhe em direção à evolução, ao progresso pessoal, mesmo que nem sempre enxerguemos com lentes transparentes, sem disfarces, sem subterfúgios, sem justificativas inventadas como desculpa para adiarmos o momento das mudanças que precisam acontecer. Também não é preciso que nos martirizemos e nos sintamos culpados e em débito pela nossa demora em tomar a iniciativa de mudar a direção do nosso leme no mar da vida. Não há porque se culpar, não há porque pensar que não somos dignos de oportunidades melhores e mais estimulantes na nossa jornada. Muitas vezes nos comportamos como crianças mimadas diante da vida, que pacientemente nos ajuda a levantar e encontrar o ritmo e a melodia correta para “dançarmos” juntos a “dança da Vida”. A Natureza não dá salto e o fruto colhido antes do tempo perde completamente seu sabor e viço. No programa dos “Alcoólicos Anônimos” aprende-se a respeitar o ritmo natural da vida e aprende-se que o importante é viver cada dia como se fosse único, dando um passo de cada vez. O grande segredo da nossa existência, do nosso caminhar é: viver um dia de cada vez intensamente, saborear com todo nosso ser tudo que a vida nos oferta diariamente, estabelecer metas claras, focar em nossos objetivos, confiar e seguir adiante na certeza de alcançar o que se deseja, mas sempre em concordância com aquela vozinha interior, que não se cansa de “cochichar” no nosso ouvido aquilo que de melhor podemos fazer por nós mesmos. Quando assimilamos isto, instantaneamente percebemos que não mais os outros são os culpados por nossas fraquezas, por nossas falhas, pelos acontecimentos aparentemente desastrosos em nossa vida. Tomamos as rédeas da nossa vida e com ela interagimos em clima de parceria, sem fazer dela uma inimiga cruel ou atribuir-lhe poderes absolutos e supremos de autoritariamente nos negar aquilo que é de bom e de nos castigar por falhas e deslizes cometidos. Esta herança milenar de nos sentirmos perseguidos, culpados ou indignos do direito à própria felicidade, que tem suas raizes nos sistemas políticos autoritários e nas crenças religiosas medievais, baseados no culto à autoridade maior que era quem determinava se e quando poderiamos ter acesso a direitos elementais e no castigo, ainda se faz muito presente no nosso inconsciente coletivo e precisamos urgentemente esvaziar esta “mochila” que nos arca as costas e nos reconhecemos como seres livres e com ritmo próprio de evolução. O José Simão, conhecido nosso da mídia escrita, criou um “slogan” que retrata muito bem tudo isto, dizendo”- “Quem fica parado é poste.”

Lucia M.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ser humano, divino ser

Ser humano, ser humano,
quando vais afinal começar
a se sentir mais humano,
mais humano vir a ser?

Ser humano, humano ser
O divino que há em ti,
escondido atrás da sombra
encolhe a luz que brilha por si.

Ser humano, divino ser
que cria e que destroi
pela força e poder
simplesmente do seu querer.

Humano e divino ser
capaz da vida gerar
criando sua própria História
e como humano dela participar.

Ser humano, ser divino
quando afinal sua divina humana faceta,
como um fiel maestro regerá
a melodia que em silêncio
aguarda a permissão para sua vida embalar ?

Lúcia M.

domingo, 11 de abril de 2010

Presentes que a vida nos dá

Uma vez, Joana, uma amiga mais jovem do que eu, me confidenciou que se achava indigna de receber "presentes" da vida.
Isto é, subliminarmente se desprezava por uma série de comportamentos não muito apreciáveis, como letargia, preguiça mental, vontade de não fazer nada, muito sono em horas em que era esperado que estivesse alerta para produzir, para ganhar a vida, para progredir, para tornar-se enfim "gente grande" etc.
Por estes motivos, discretamente vivia se esquivando de tudo e de todos que pudessem representar desafios ao seu "PeterPan" interno cultivado, alimentado e mimado diariamente por décadas.
Nesta tentativa inconsciente de alimentar seu "Peter Pan", jamais havia se permitido de verdade se envolver amorosamente com alguém. “Ficava”, namorava por algumas semanas e logo criava uma lista interminável de defeitos que transformavam qualquer perspectiva de qualquer experiência de uma vida a dois em um projeto simplesmente impraticável.
Então, nos intervalos entre um "ficar" e outro, entre um namoro relâmpago e outro era quando mais era vista em festas, encontros, eventos, sempre carregada de muito charme e movida àquela que era considerada a mais inofensiva das drogas, a amiga maconha – afinal, a alegria e a descontração tinham que ser adjetivos que a qualificassem para quem quer que a visse, para quem quer que compartilhasse com ela o mesmo espaço, o mesmo evento, encontro, bate-papo ou o que fosse.
Ser descontraida e "desestressada" era uma imagem que gostava de cultivar, e afinal, é para isto que existem os "aditivos externos", não é mesmo?
Afinal, ela era jovem, bonita, culta, tinha um corpo bem proporcionado para os seus 28 anos, precisava apenas de um estímulo para além destas qualidades e de muitas outras, ser reconhecida como "alegre e descontraida".
Certa vez, em uma viagem de férias pelo Norte, na figura de um moreno de 32 anos, o amor bateu às portas do seu coração rebelde, o que provocou uma súbita e forte vontade de compartilhar a vida com um outro "eu" que não mais apenas o seu próprio solitário.
O rapaz que capturou seus sentimentos mais profundos, que inspirou novos sonhos, novos planos, projetos e desejos de realização, já havia há muito superado a fase de se achar na obrigação de ser "alegre e descontraido" e embora não fosse um tipo eminentemente sério, era tranqüilo, convicto em suas escolhas de vida, feliz em sua caminhada profissional, culto, viajado e se encontrava exatamente no ponto de iniciar um caso de amor consistente, duradouro e promissor.
Como uma pulga coçando, coçando, se escondendo nas dobras das roupas, aquele encontro a incomodava enquanto lhe inspirava ao mesmo tempo os melhores impulsos, os mais elevados desejos,e planos, incluindo o de criar uma família com um filho, ou dois, ou três, e provocava certo desconforto muito íntimo, um grande conflito interno.
Começou a se questionar se estava enlouquecendo e recorria à amiga maconha, como sua confidente e consoladora, naquele processo tão delicado em que se encontrava, entre continuar a ser a aventureira inconseqüente nas viagens amorosas ou ceder ao forte apelo de se envolver de vez com todo seu coração e modificar tudo na sua história de vida, seguindo a estrada que se anunciava pela placa: "caminho dos apaixonados e dos comprometidos com a vida".
Confidenciou-me que o que a incomodava profundamente era o fato de ser viciada em maconha e reconhecia que aquele hábito, que a tornava uma pessoa desestressada, relaxada e inconseqüente, de certa forma, era um fio que ainda a mantinha alinhada com os adolescentes.
Tinha consciência do quanto, neste momento da sua vida, se sentia indigna daquele romance e de todo aquele aquele sentimento, jamais experimentado até então, despertava nela, fazendo-a tremer por dentro.
Afinal, ele era bonito e simpático e honesto acima de tudo.
Achava-se "não" merecedora de tamanha dádiva. Dizia que achava que "era areia demais para o seu caminhãozinho"...
Depois de tanto tempo fugindo de relacionamentos que durassem mais do que 2 meses, viu-se pressionada pela força do amor.
Enquanto escutava suas histórias,fui enxergando escondida num canto escuro, uma menina mimada e insegura, com medo de crescer, que se negava por isto mesmo ao direito de ser amada intensamente, de ser admirada sem artifícios, sem máscaras, apenas por ser como era.
Nâo reconhecia seu direito divino de ser merecedora do que poderia existir de mais forte, que era sentir-se amada e amar numa intensidade capaz de criar toda uma nova história, incluindo criar vidas...
Depois de algumas horas de conversa, lá se foi ela, cheia de perguntas a serem respondidas ao longo da semana, após longas conversas consigo mesma, sozinha.
Prometeu-me retornar depois de extamente uma semana, com todas as respostas na "ponta da língua" sem gaguejar uma vez sequer.
Envolta nas questôes de amor, como presa dentro de uma nuvem muito espessa, passei aquela semana meditando a respeito da força que representa o amor genuino e de tudo que faz parte deste contexto. Fui desenrolando fios e mais fios em minha mente, farejando todas as facetas possiveis relacionadas ao tema.
E foi quando percebi o quanto as pessoas boicotam para si mesmas as oportunidades de criar uma energia intensa, estimulante e nova em suas vidas, através do amor, pelo fato de não se perdoarem por falhas cometidas num tempo distante, por não se enxergarem como capazes – seja lá do que – de serem amadas sinceramente, de serem bem sucedidas, de serem pródigas, de cultivarem a abundância, de serem bem sucedidas profissionalmente, de constituirem uma família bonita, sadia, amorosa (e feliz a maior parte do tempo, pelo menos). Fiquei me questionando se isto tudo não seria fruto de uma cultura de estimulação ao medo, levando-nos a nos distanciarmos cada vez mais do sentimento genuino do amor e de nós mesmos?
Seguindo por esta trilha de reflexão, graças a este episódio, consegui identificar a semente da manifestação da inveja, do desejo de vingança, da avareza, da ambição que a nada e a ninguém respeita na mira do sucesso, da corrupção, da malandragem, da preguiça e até mesmo das dependências às drogas para represar sentimentos rejeitados interiormente, drogas que produzem a transformação de uma atitude socialmente não-confortável em algo socialmente esperado, como a transformação da mais recôndita depressão em expansiva alegria, como a transformação da rebeldia em passividade.
É incrivel o obstáculo que a nossa cultura - assentada também na expectativa de "sucesso" imediato - gera a negação ao reconhecimento pessoal como seres individualmente valiosos, cheios de qualidades dignas de serem exploradas e potencializadas e de nos reconhecermos enfim, como seres divinos, com poderes de transmutar, de criar, de gerar tudo aquilo que desejarmos a partir de nossa força e energia. Movidos pelo sentimento de gratidão e de sermos dignos merecedores de todos os bons presentes que a Vida pode nos oferecer – sem cobranças, sem auto-punições, mas, amorosa e respeitosamente.
Joana retornou uma semana depois. Seus olhos verdes pareciam duas esmeraldas reluzentes.
Pela energia que emitia, logo percebi a mudança de caminho a que havia se proposto em nome do amor, mas mantive-me quieta, aguardando seu desabafo.
Sentou-se confortavelmente na poltrona, olhou-me fixo nos olhos e após um longo suspiro disse: - "Obrigada pela ajuda. Passei a semana em recolhimento, "fechada para balanço" e consegui tomar algumas decisões muito íntimas, incluindo a de modificar uma série de hábitos, vícios de comportamento, como o culto a "Peter Pan". Decidi me envolver com todo o meu ser neste amor que me faz tremer de emoção e de alegria, cada vez que penso nele. A menininha insegura e adolescente se despede e agradece pela paciência com que tem sido acolhida por todos estes anos de vida. A partir de agora, começo nova caminhada em nova direção e porque me considero merecedora de mais este presente que a Vida está me ofertando, vou me dedicar inteiramente a este relacionamento."
Abraçou-me fortemente, beijou-me a face molhada, enquanto as lágrimas escorriam descontroladamente. Ela chorava, eu chorava.
Juntas nos encaminhamos até a janela onde se podia apreciar um maravilhoso pôr-do-sol e em silêncio, agradecemos a Deus pela genialidade em ter inventado e criado a força mais transformadora desta vida chamada amor.
Três meses depois, encontramo-nos em sua casa, num almoço em família, para comemoração de seu aniversário.
Nesta ocasião, tive o prazer de conhecer Ronaldo, assim como os familiares de ambos. A alegria e a harmonia eram a tônica daquele aconchegante encontro.
Encerrado o almoço, após a sobremesa, Ronaldo a pediu em casamento diante de todos. Risos, lágrimas, abraços afetuosos, brindes, todos comemoraram com total satisfação aquele momento.
Joana convidou-me para ser madrinha de seu casamento. Emocionamo-nos e nos abraçamos logamente, com muito afeto.
Sete meses depois, o casamento se realizou, com muita simplicidade e bom gosto, cercado do carinho e da alegria dos familiares mais íntimos.
Hoje, seis anos após, Joana e Ronaldo, com três filhos, moram em Bologna, onde foi convidado a dar aulas. Todos juntos viajam todo ano para o Brasil, pelo Natal e a passagem do ano, aproveitando para se aquecer um pouco sob o sol tropical de verão e o carinho dos familiares.
Amam-se muito, tratam os filhos com muito desvelo e carinho. São crianças fortes, inteligentes e aparentam uma tranqüilidade que traduz seu senso de proteção e de afeto.
Sinto-me feliz por poder acompanhar seu caminhar.
Encontramo-nos sempre que vêm ao Brasil e nos falamos sempre pelo “skype”, para atualizarmos as notícias e trocarmos afetos.
O cabelo de Ronaldo já começa a apresentar um tom grisalho, o que lhe dá um ar de experiente, embelezando-o ainda mais.
Joana, a cada vez que a encontro, me parece mais bonita, mais madura. Exala uma felicidade indisfarçável. Dedicada aos filhos, decidiu voltar a estudar e cursa Nutrição no período em que as crianças ficam na escola.
Ronaldo diariamente os pega na saida da escola e todos se encontram em casa, para se dedicarem às suas tarefas e ao convívio familiar.
Meu sentimento por todos eles é tão forte e que é como se fossemos parentes consangüíneos.
Joana se reconquistou realmente, graças ao amor entre ela e Ronaldo. Continuam apaixonados e mantem um relacionamento completamente saudavel alicerçado na amizade, na cumplicidade e no amor.
Este ano estou me programando para ir visitá-los por uma semana, logo mais, na primavera, aproveitando uma oportunidade realmente interessante que apareceu..

Lúcia M.

domingo, 7 de março de 2010

Esta dor chamada saudade

Você tem alguma idéia do que seja esta coisa que dói aqui dentro chamada saudade? É uma dor intermitente, que nem um alfinete espetando por dentro, cada dia um pouquinho... Tem dias em que espeta mais, parece que fica furando a gente por dentro, fazendo um buraco difícil de ser preenchido depois. É bem estranho, porque ela vai chegando assim, sem pedir licença, vai tomando os espaços, se esparramando, como se a "casa fosse dela"... Talvez porque este espaço exista, porque definitivamente ninguém ocupa um espaço que não existe. É algo parecido com fome crônica, come-se algo e logo a sensação de vazio passa, mas, sem consistência, daqui a pouco lá vem ela outra vez, com jeito de quem veio pra ficar... É uma coisa bem ingrata, já que insiste em habitar este espaço aberto por ela mesma, esta saudade, sem pedir permissão, com ares de dona do pedaço. Já nem sei mais quem é dona de quem, se ela de mim ou se eu dela... Fico tentando administrar este processo, tentando entendê-lo racionalmente, tentando formar imagens figurativas de tudo, tentando sublimar o sentimento que fica lá dentro cutucando, cutucando, que nem alfinete, mas, em vão, a danadinha parece que quer é ficar por aqui me rondando, me possuindo, me consumindo, me picando. Esta tal de saudade não tem um nome próprio, ela traz um monte de nomes com ela, diversas passagens vividas, uma variedade de cores, de formas, de sensações, de sentimentos, uma infinidade de sons, ela não tem dono ou a dona dela sou eu, afinal? É aí que me flagro na minha impotência, mesmo tentando estar acima disto tudo, mas, cinqüenta anos de vida tão brasileiramente vivida, não se perde assim, em dias ou alguns anos, só porque assim ficou decidido internamente. Como uma entidade com vida e vontade próprias, ela se impõe, cobrando, picando, incomodando, o tempo todo a me fazer lembrar que aqui tudo é mesmo muito bonito, muito limpinho, muito em ordem, o progresso é presente a toda hora, mas, que felicidade de criança, alma leve e alegre, cores o ano todo, calor, sol, barulho, rua, gente, musicalidade, samba, negritude no sangue sem medo de ser feliz, misticimo e religiosidade misturando um pouco de tudo o que existe, sabedoria popular no conhecimento das coisas da natureza e da alma, exagero nas manifestações do sentir, sociabilidade solta e relaxada e muito mais, algo que não existe aqui no primeiro mundo, não dá para se tornar produto a ser exportado daqui. Não, esta é a nossa riqueza, a nossa doação para o mundo, o nosso produto legítimo de exportação – e tudo isso eu levo comigo aonde for, mesmo sem perceber, encapsulado, guardado dentro desta única palavra chamada "saudade". (Da série Relatos da América 43)

Lúcia M.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Questão ética

A ética é uma tênue linha, que de tão fina, muitas vezes, nos confunde. Li no jornal esta semana uma notícia sobre uma mulher, na Inglaterra, que foi a julgamento e foi condenada à prisão diante da acusação de ter auxiliado a própria filha a morrer. Aquela filha que havia sido morta a seu pedido por sua mãe sofria de uma doença chamada “Esclerose múltipla” há 15 anos, sem qualquer esperança ou perspectiva de poder um dia viver uma vida próxima do que conhecemos como “normal”. As circunstâncias que envolveram este fato, ficaram passeando dentro de mim por alguns dias seguidos, com um forte sentimento de compaixão para com esta mulher e sua filha e tantas outras pessoas que vivem e viveram situações semelhantes. Testemunhei uma situação muito próxima a esta, que representou uma experiência única e que me levou a começar a pensar sobre a vida, a morte e a justiça de Deus sob um novo enfoque... E é esta minha experiência que quero aqui compartilhar com você. Quando morava na Flórida (Estados Unidos) trabalhei como cuidadora de senhorinhas idosas e doentes. Havia uma delas, viúva de 86 anos, que morava sozinha, como quase todas elas. Era muito educada, muito culta, atenciosa, delicada, muito lúcida, uma preciosa raridade, embora estivesse sempre muito triste. Havia sido casada por 28 anos, tendo conhecido seu falecido marido quando solteira, já madura, com 48 anos. Contava-me com humor, em um estilo muito direto, saudosista e amoroso, passagens de sua vida e das viagens que realizou ao lado do seu companheiro, que também como ela, havia se casado solteiro e sem filhos com idade já beirando os cinqüenta anos. Não era difícil perceber a forte ligação existente entre os dois, refletindo que haviam sido grandes amigos e companheiros. Havia ficado viúva há alguns anos apenas. Seu marido fora vítima do Mal de Alzheimer e então, por 7 anos ela havia lhe dedicado sua energia, sua vitalidade, sua atenção e seu carinho até sua morte. No último ano de vida dele, em função da situação que havia se tornado insustentável, recorreu ao auxílio de um enfermeiro para auxiliá-la. Um ano após sua viuvez, contraiu uma doença que junto com depressão, apresenta um estado de inflamação geral nas fibras musculares do corpo todo, chamada fibromialgia (ainda sem cura pela Medicina Clássica). Tomava uma coleção de medicamentos, sendo a maioria constituída de analgésicos fortes, já que sentia dores intermitentes por 24 horas, além de antidepressivos. Tomava também um regulador de intestino, pois, apresentava disfunção em conseqüência da fibromialgia. Na cabeça usava um turbante, já que havia perdido o cabelo e não se animava em se apresentar com uma das sua 10 perucas que ficavam guardadas em seu armário. Esta senhora passava seus dias sentada em uma poltrona reclinável, se alimentando muito pouco, lendo jornal, assistindo TV e dormindo rápidos sonos. Alem disso, sua vida se resumia em consultar os arquivos de sua memória, relembrando fatos marcantes vividos. Até para dormir, preferia a poltronona, que dizia ser mais confortável do que sua cama. Entre outras coisas, cabia a mim acompanhá-la às visitas a médicos, fazer as compras da casa, incluindo os medicamentos que não eram poucos e que custavam-lhe quase dois mil dólares por mês. Havia um casal de amigos que semanalmente a visitavam, passando as tardes conversando e a distraindo carinhosamente. Havia uma senhora da Igreja Presbiteriana que semanalmente comparecia, lendo uma passagem da Bíblia e orando em conjunto para, em seguida, lhe dar a “comunhão”. Esta “comunhão” era constituída de um mini cálice de suco de uva puro e uma hostiazinha minúscula. Ela contribuía mensalmente com a Igreja doando a décima parte de seu ganho (o dízimo) e recebia mensalmente um Boletim com notícias da sua comunidade religiosa e matérias de fundo religioso, que me pedia para jogar no lixo assim que ela passava em revista as correspondências do dia. Semanalmente, um de seus sobrinhos lhe telefonava de Illinois, indagando por notícias e enchendo a sua alma de afeto e de alegria. Assim eram seus dias... Assim foram nossos dias por 10 meses. Certa tarde, assim que lá chegara, ela foi logo me dizendo:
“Hoje você não precisa me dar banho, nem me dar remédios e menos ainda, comida.”
Surpresa com aquelas ordens, perguntei-lhe o que havia acontecido, ao que me respondeu muito claramente:
“Como você tem acompanhado, a cada mês tenho retirado um medicamento entre todos os que tomo diariamente e nenhuma diferença para pior tenho percebido em relação às dores que sinto o tempo todo e à depressão. Há muito não consigo dormir à noite por causa das dores e do desconforto físico e diminuindo a quantidade de remédios, não percebi modificação alguma no meu quadro. Então, passei o dia de ontem e de hoje refletindo a respeito do que passou a ser a minha vida e conclui que tenho me mantido viva apenas para engrossar as estatísticas médicas, servir como cobaia para os laboratórios médicos enquanto os sustento. Assim, percebo que daqui para a frente, estarei vivendo apenas para alimentar pesquisas, já que meu estado só tende a piorar, com remédios ou sem eles. Tomei uma decisão e não tente me fazer voltar atrás. Ingeri meio vidro deste analgésico forte à base de ópio
(mostrou-me o vidro) porque decidi que não quero mais viver.”
Que susto! Mal conseguia raciocinar diante daquela revelação! Tentei conversar com ela a respeito da sua decisão, argumentando:
“ Mas, a senhora sabe, não cabe a nós decidirmos sobre viver ou morrer. Esta é uma decisão que cabe mesmo apenas a Deus e sobre a qual nada podemos fazer. A senhora tem a sua fé em Deus, a fé na sua Igreja...Quer que eu chame aquela moça que costuma vir aqui dar a comunhão, para conversar com a senhora, ou então o Pastor?”
Ao que ela respondeu com uma impressionante firmeza na voz:
“ Eu quero ficar aqui sozinha, aguardando o momento da minha morte simplesmente. Sempre soube também que cabe a Deus decidir a hora de irmos desta vida, mas, só agora entendo que em algumas circunstâncias é a gente mesmo que tem que decidir o que fazer com a própria vida, afinal, é um direito que eu tenho, já que a vida é minha. Há anos que minha vida se transformou em apenas sofrimento, sinto dores intermitentes o dia todo, mal consigo dormir, gasto quase tudo o que recebo de minha aposentadoria com medicamentos. Como lhe contei, fiz esta experiência e constatei que os remédios que eu tomo não estão me fazendo a menor diferença. Não existe possibilidade de cura para esta minha doença e você ainda me diz que eu não tenho autoridade para decidir o momento da minha morte? E por acaso, o que tenho vivido não é estar morrendo a cada dia mais um pouco sem perspectiva alguma de vida? Não...não chame ninguém de religião alguma, pois, nada poderão fazer por mim, menos ainda me convencer a continuar nesta vida. Afinal, eu também fiquei aqui me perguntando o que foi que eu ganhei sendo fiel a minha Igreja por toda uma vida e o que é que ela acrescentou a mim em termos de fé. E sabe o que descobri? Que durante toda minha vida paguei o dízimo para esta minha igreja que não me serviu para nada, especialmente nos momentos de maior dificuldade. Reconheço a boa vontade daquela senhora que semanalmente vem me visitar e me dar a comunhão, mas, além disto, nada mais ela faz por mim...”
Inconformada, tentei mais uma vez:
“ Vou chamar aqueles seus amigos que tanto bem te querem, para levá-la para fazer uma lavagem intestinal no Hospital.”
Ao que ela prontamente me respondeu:
Não, não chame não. Deus me livre se eles souberem que eu fiz isso, vão querer mesmo me levar para o Hospital para eu fazer uma lavagem e vão ficar loucos da vida comigo! Nem pensar!“
Ao que eu respondi:
“Então, vamos rezar e pedir a Deus que te ilumine e que te ampare neste momento...” (E foi neste momento, que percebi que eu não havia aprendido a rezar em Inglês). Então, lhe disse: “Eu rezo em Português e a senhora reza em Inglês, ok?” Ela fez que sim com a cabeça e começamos a rezar cada uma no seu idioma. Então, disse-lhe que não tinha coragem de deixá-la sozinha à noite e que iria permanecer lá com ela. Ela me proibiu de permanecer com ela durante a noite, me recomendou que voltasse para casa e ficasse tranqüila e deixasse ela sozinha morrer em paz. Ao que eu lhe argumentei, tentando persuadi-la mais uma vez:
“A senhora já parou para pensar que existe a possibilidade de não morrer e ainda ficar com sérios problemas renais pelo excesso de medicamento forte, além de correr também o risco de ficar com alguma seqüela no cérebro?”
Ela riu e me respondeu:
“ Minha filha, eu já pensei nisto. Se por acaso eu não morrer assim tão depressa quanto gostaria, o máximo que poderá acontecer é você ligar para o 911 (emergência/paramédicos) e eles me levarem para o Hospital, aonde depois de alguns dias eu estarei morta e fim.”
Enfim, fui ficando cada vez mais sem argumentos. E falei:
“A senhora pensou que eu serei a única testemunha da sua morte e no quanto isto é sério?”
Ela então argumentou:
“Por isto mesmo é que eu não quero que você permaneça a noite toda comigo aqui. Vá para sua casa. Não conte nada a ninguém. Confio na sua lealdade. Amanhã , quando você chegar, irá me encontrar morta e então, aí sim, você pode chamar o 911, meus amigos, ligar para os meus sobrinhos e tudo o mais, mas não diga a eles que eu fui que provoquei a morte. Promete?...”
Pensei:- “Neste ponto, ela tem razão. Afinal, sendo eu uma estrangeira, latina e brasileira, serei sem sombra de dúvida a única suspeita de ter cometido este assassinato. Não havia mais outra saída diante destes argumentos todos, a não ser concordar com ela.”
Despedi-me dela e voltei para casa rapidamente, aflita para relatar para o meu companheiro o que estava acontecendo. Ficamos ali discutindo quais as possibilidades de modificar em algum ponto aquele quadro insólito, porque havia me decidido a respeitar sua decisão e a permanecer em silêncio, já que seu último desejo fora a minha cumplicidade silenciosa. Sem conseguirmos encontrar outra saída, nos pusemos a pedir aos céus, a Deus, auxílio e luz. Aquela havia sido uma noite especialmente difícil para mim. Mal consegui conciliar o sono e a toda hora conversava com meus amigos espirituais pedindo tranqüilidade para mim e bênçãos para ela. Na manhã seguinte logo cedo, lá estava eu em sua casa. Como tinha a chave, fui logo entrando. Encontrei-a sentada naquela sua velha poltrona, dormindo profundamente, exatamente como a havia deixado na véspera. Ela não estava morta, pois respirava profundamente. Ajoelhei-me ao seu lado, tentando falar-lhe ao ouvido, em vão. Pus-me então, a orar pedindo a Deus sua bênçãos para aquele momento. Tentei chamá-la mais algumas vezes em vão. Decidi então ir até a agência através da qual trabalhava e reportei à supervisora que havia encontrado aquela paciente dormindo, sem conseguir acordá-la. Comentei-lhe da minha suspeita de que algo de anormal estivesse acontecendo, já que geralmente, quando eu chegava em sua casa, ela acordada já estava me aguardando. Contei-lhe que havia tentado algumas vezes acordá-la, mas em vão, pois, ela dormia profundamente. Forneci-lhe o nome daquele casal seu amigo e do sobrinho de Illinois, para que ela tomasse as providências em torno do fato, já que de acordo com a minha agenda de trabalho, haviam mais 2 clientinhas a quem ainda iria servir ao longo daquele dia (permanecia de 3 a 4 horas por vez apenas em cada cliente). Chegando em casa, no fim do dia, recebi o telefonema da supervisora dando notícias assim como também, daquele seu amigo (do casal amigo). Ambos foram muito atenciosos a me reportar as notícias. O casal de amigos assim que recebeu a notícia da minha supervisora, se dirigiu à casa da minha clientinha. Preocupados, chamaram o 911 (ambulância/ emergência) para levá-la para o Hospital. Ainda estava sob observação, havia se submetido a vários exames, mas, os médicos suspeitavam que ela tivesse tomado uma dose muito forte dos medicamentos contra dor e por isto, ainda estava em estado de sonolência profunda. Diariamente, seu sobrinho de Illinois, que havia ido para a Flórida com a esposa, para acompanhar a tia no Hospital, me telefonava dando notícias. O quadro não havia se modificado e após 5 dias hospitalizada ela veio a falecer. O sobrinho me telefonou, pedindo que eu fosse até a casa dela, onde ele e a esposa estavam, queriam conversar comigo a respeito dela, contar-me como foi que tudo havia transcorrido durante a sua estadia no Hospital e me pagar pelo trabalho realizado até o dia da sua internação hospitalar. Chamei todos os amigos espirituais que pude, pedi um reforço de proteção divina e lá fui, levando a chave, para devolvê-la. Para minha surpresa, o casal de sobrinhos era educadíssimo, como ela, e fui recebida por eles com um enorme carinho. Fiquei sabendo pelo casal, que ela havia acordado após 3 dias de internação e de desintoxicação, mas, que para surpresa de todos, não estava conseguindo falar, pois indagada várias vezes a respeito do que havia acontecido, olhava para os médicos, para os sobrinhos, para os enfermeiros e nada respondia, como se não estivesse conseguindo entender o que eles falavam. Mostrei-lhe todos os medicamentos que ela tomava, apresentei-lhes os lugares onde ela guardava as jóias, o dinheiro, os cartões de crédito, o caderno de controle de gastos, enfim, fui apresentando a eles tudo de que eles precisariam saber a partir daquele momento, para agilizar as providências que teriam pela frente. Contei-lhes que ela estava em dia com o meu pagamento, me devendo apenas por 2 dias de trabalho prestado, ao que recebi imediatamente. Entristecidos, perguntaram porque motivo teria ela tomado uma dose tão elevada do medicamento contra a dor, ao que lhes respondi que ela vivia muito solitária e sentia dores terríveis o tempo todo. Não reclamava de nada, era muito atenciosa, educada e carinhosa, mas, era uma pessoa triste. Assim, me despedi e me coloquei à disposição caso necessitassem, deixando o número do meu telefone. Ufah!...Suspirei aliviada. Pude corresponder ao compromisso de lealdade e cumplicidade que havia assumido com ela e ao mesmo tempo, ter podido tomar providências para que ela recebesse um atendimento hospitalar adequado. Passei o resto da semana pensando e rezando muito, pedindo por ela, refletindo muito acerca da ética e da justiça divina, pensando em quem há de acusar esta senhora de ter cometido um ato de desrespeito contra a vontade de Deus, decretando o fim de uma vida sem vida, de uma quase morte, cheia de muito sofrimento e de muita dor, em direção a resultado nenhum, a não ser o adiamento de sua morte espontânea. Afinal, como ela mesma havia me dito: “... tenho o direito sim de decidir em que momento devo partir...” Acredito que ela deve ter partido em um estado mais feliz do que o de seus últimos meses e que deve ter ficado satisfeita em notar pelo comportamento de todos ao seu redor, que eu havia honrado meu compromisso de cumplicidade silenciosa e fiel. Mas, cá entre nós, diz para mim, você agiria de outra maneira diante destas circunstâncias?

Lúcia M.