segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Distração

Outro dia estava no supermercado aguardando minha vez de pagar no Caixa e fiquei observando todos os títulos de revistas e de doces e balinhas e chocolatinhos que haviam ao meu redor, na corredor onde me encontrava.
Fiquei surpresa ao perceber quantos estímulos são apresentados o tempo todo ao nosso redor, induzindo a consumirmos muito mais do que o necessário para termos conforto, saúde e felicidade.
Fiquei impressionada ao constatar que esta profusão de estímulos não só nos induzem a consumir muito mais do que o planejado, como também cumprem com a função de distrair nossa atenção.
Nos envolvemos neste clima de indução a criarmos mais necessidades do que o que já possuímos e somos levados a consumir sem perceber o caráter subliminar de desvio da nossa atenção.
Quando estamos comprando, ficamos envoltos em um clima de entusiasmo, de excitação e nem nos damos conta do tamanho do gasto ou da dívida que assumimos e assim, na maioria das vezes, nos distanciamos completamente das nossas propostas de manter a disciplina para seguir um roteiro que reflita realmente aquele planejamento econômico-financeiro previamente mentalizado por nós.
Descubra você também o quanto o sistema nos estimula a nos distrairmos. Basta prestarmos atenção à variedade de entretenimento ao nosso dispor, desde os mais corriqueiros, como programas de TV e joguinhos na Internet.
O objetivo maior é nos desviar de nosso foco, de nossas metas primordiais, de tudo aquilo que poderíamos chamar de “relevante” em termos pessoais.
Quanto mais me distraio, menos “penso na vida” e menos me sinto impulsionado a tomar atitudes, a avaliar fatos, preconceitos, crenças, complexos, culpas, etc...que ficam guardadinhos sob o simpático apelo da diversão.
Em épocas de guerra é quando mais se enriquece o comércio de entretenimento, justamente para que os soldados, principalmente, e a população em geral, passe muitas horas deixando a “sua criança-interior” entregue à leveza e enquanto dá uma trégua à alma sofrida e angustiada.
Não estou querendo dizer que se divertir é algo condenável, nem pense nisto!
Divertir-se é um sagrado dever de toda e qualquer pessoas, porque sem o riso, a leveza, o sonho, a criatividade e a alegria, a vida se torna muito pesada, enfadonha e carrancuda.
O que quero ressaltar aqui é a cilada que o sistema nos aplica para nos distrairmos de nós mesmos, enquanto utiliza suas estratégias muito bem alicerçadas para desviar nossa atenção de nossas capacidades de mudança, de alterar a realidade dentro de nós mesmos e ao nosso redor. Aliás, quem jamais se desvia de seus objetivos e metas é bem ele, o sistema...
Há um samba do Chico Buarque de Holanda chamado “Vai passar”, que com muito humor, com muita cadência e com muita poesia descreve exatamente tudo que aqui estou tentando compartilhar com você.
Preste atenção à letra desta música genial, que tão bem estampa o que aqui vai.
(http://www.youtube.com/watch?v=9A_JrsJF6mM&feature)

Lúcia M.

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