sábado, 15 de novembro de 2014

Maternidade

Existe um hábito, um costume, um traço cultural, não sei bem como classificar, de um comportamento materno brasileiro, que me deixa “encucada”.

Já ouvi tantas vezes mães se referindo aos filhos adultos (que também já são grandes e que muitas vezes até já lhe deram netos) como “o meu bebê...” ou “as crianças...”
Há uma outra expressão assustadora, muito comum, que é quando a mãe diz :
- “...Você sabe, para mim, filho é sempre a minha criança...”
Fico olhando para aquela mulher e me perguntando se foi isto mesmo o que escutei. E quando pergunto a ela se entendi direito o que ela havia dito, a resposta é: - “ Ah! Você que é mãe sabe, mãe é assim, filho(a) (no plural ou no singular) é sempre uma preocupação na vida da gente!...”
E me calo, pasma, me perguntando se ela sabe que se pré-ocupar é se ocupar de nada, de nada que seja positivo, algo bem diferente de vibrar positivamente para... 
Quantas vezes escutei a frase: - “...ser mãe é padecer no paraíso...”
E com esta de que ser mãe é viver preocupada com aquele (aqueles) ser(seres) que por ela foi(foram) gerado(s), fico pensando nos pobres deste(s) filhos(as) que têm que arcar com o eterno peso sobre suas costas, foco da eterna preocupação da sua mãe, que deixou de dormir em paz desde que o (a) trouxe ao mundo.
É uma herança judia, misturada com italiana, misturada com uma herança portuguesa, que trata os(as) filhos(as) como se fossem eternas crianças irresponsáveis e incapazes de cuidar da própria vida, mesmo sendo já adultos, com filhos grandes...
E se esta mãe deixar de externar esta sua preocupação com o(s) seu(s) rebento(s), teme ser apontada pelos familiares e entre as vizinhas e amigas, como uma mãe “desnaturada” que não se pré-ocupa de seus filhos.
Se você conhece alguma mãe que age desta maneira, conta para ela que tudo que é criado e cuidado com amor, floresce, cresce e se desenvolve com saúde e com alegria.
Conta para ela que a maior força que se pode dar a alguém é projetar sobre aquela pessoa muita luz e imaginá-la durante toda a vida percorrendo seus caminhos altiva, confiante e feliz.
Conta para esta mãe que potencializando as qualidades do(a) seu(sua) filho(a) ela estará ajudando-o(a) superar suas limitações com bom ânimo, humildade e responsabilidade.
Fala para esta mãe relaxar e começar a acreditar que existe uma força Maior que não nos abandona e que assim como “cuida” de nós, também “cuida” de nossos(as) filhos(as).
Conta para ela que todos viemos a este mundo para sermos felizes e para aprendermos a superar os obstáculos que vão aparecendo com fé,auto-estima,  bom ânimo e perseverança.
E se você ainda tiver a oportunidade, conta para esta mãe que o mundo todo é feito de seres que um dia foram gerados por uma mãe e que o mundo será muito melhor no dia em que o amor de mãe for saudável e enriquecedor. Algumas vezes, será preciso contar tudo isto também para alguns pais.
Pense nisto.
Namastê.

Lúcia M.

2 comentários:

  1. Outro dia tive oportunidade de ajudar uma mae a desmamar (literalmente) o filho de 3 anos, e o menino está realmente começando a ficar mais independente. Mas acho que se o filho tivesse 30 anos já seria mais dificil. Essa herança é muito forte. Já uma amiga brasileira que mora na Alemanha, cobra aluguel do filho de 25 que mora com ela.
    Gostaria muito de separar a manifestação de afeto da doação material, mas volta e meia estou misturando os dois, o que é parte dessa herança também.

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